5 de janeiro de 2005

Macário

Álvares de Azevedo, 1855, Brasil

Elaborado como um texto para teatro, fala de um jovem estudante, Macário, que se encontra com o diabo e, em sua garupa, segue viagem. O diálogo dos personagens versa sobre ‘os sentidos da vida’, a condição humana e a morte.

Quem melhor que o próprio Álvares de Azevedo para definir seu texto: “Esse é apenas como tudo que até hoje tenho esboçado, como um romance que escrevi numa noite de insônia, como um poema que cismei numa semana de febre [...] Esse drama é apenas uma inspiração confusa, rápida, que realizei à pressa como um pintor febril e trêmulo”.

Na segunda parte da obra, interessante é o contraste entre Macário e Penseroso (outro personagem). Eles travam um conflito de posições: crer versus não crer, verdade ou ilusão, amor ou devaneio... esse combate interno que toma como palco a mente humana.

Uma bela passagem: “Eu também chorei, mas, como as gotas que porjeam da abóbada escura das cavernas, essas lágrimas ardentes deixaram uma crosta de pedra no meu coração”.

No plano estético, Álvares de Azevedo é delicioso. O texto é escrito com muita sofisticação. Humor, profundidade e loucura enriquecem a obra.

Nenhum comentário: