13 de outubro de 2006

O Universo Elegante (não-ficção)

Brian Greene, 1999, EUA

Nas palavras de Greene: “Escrevi O universo elegante com o objetivo de tornar acessível a uma ampla faixa de leitores, especialmente aos que não conhecem física e matemática, o notável fluxo de idéias que compõe a vanguarda da física atual. Nas conferências que tenho feito nos últimos anos sobre a teoria das supercordas, percebi no público um vivo desejo de conhecer o que dizem as pesquisas atuais sobre as leis fundamentais do universo, de como essas leis requerem um gigantesco esforço de reestruturação dos nossos conceitos a respeito do cosmos e dos desafios que terão de ser enfrentados na busca da teoria definitiva. Espero que os dois elementos que constituem este livro - a explicação das principais conquistas da física desde Einstein e Heisenberg e o relato de como as suas descobertas vieram a florescer com vigor nos avanços radicais da nossa época - venham a satisfazer e enriquecer essa curiosidade” (p.10).

Como se pode imaginar, o tema tratado no livro é difícil, mas o autor supera essa dificuldade com grande talento, e produz uma obra fantasticamente clara, didática e bela. Para o curioso, seja leigo ou especialista em física e matemática, as páginas de “O Universo Elegante” oferecem o prazer da descoberta e do conhecimento.

A obra começa avaliando os dois pilares da Física Moderna: A Relatividade Geral, para as maiores escalas; e a Mecânica Quântica, para as menores escalas. Ambas teorias apresentam um sucesso extraordinário na explicação de fenômenos físicos e são as responsáveis pelo fabuloso progresso da Física nos últimos cem anos. Mas, segundo o autor, “tal como atualmente formuladas, a Relatividade Geral e a Mecânica Quântica não podem estar certas ao mesmo tempo [... elas] são mutuamente incompatíveis (p.17).

E é essa controvérsia que a Teoria das Cordas (TC) tenta solucionar, pois parte do problema deriva do fato de que a incompatibilidade entre os dois pilares da Física Moderna está no postulado que considera as partículas fundamentais (elétrons, neutrinos, quarks e outras) como entidades pontuais. A Teoria das Cordas muda esse paradigma; segundo ela:

“Se pudéssemos examinar essas partículas com precisão ainda maior [...] verificaríamos que elas, em vez de assemelhar-se a um ponto, têm a forma de um laço, mínimo e unidimensional. [...] A Teoria das Cordas acrescenta um novo nível microscópico – o do laço vibrante – à progressão já conhecida do átomo aos prótons, nêutrons, elétrons e quarks” (p. 29). E, “em vez de produzir notas musicais, os tipos de vibração preferidos pelas cordas na Teoria das Cordas dão lugar a partículas cujas massas e cargas de força são determinadas pelo padrão oscilatório da corda” (p.30).

De acordo com o autor, essa nova concepção da matéria traz possibilidades extraordinárias de conciliação entre a Relatividade Geral e a Mecânica Quântica. A TC é uma promessa para a Teoria Unificada.

“A Teoria das Cordas tem a capacidade potencial de demonstrar que todos os formidáveis acontecimentos do universo – da dança frenética dos quarks à valsa elegante das estrelas binárias, da bola de fogo do big-bang ao deslizar majestoso das galáxias – são reflexos de um grande princípio físico, uma equação universal” (p.29).

Ótima leitura! Muito conteúdo e muito aprendizado!