29 de julho de 2007

Purgatório

Mario Prata, 2007, Brasil

Originalmente publicado em formato de folhetim, no jornal Estadão, o Purgatório, agora encadernado pela editora Planeta, é uma história muito divertida, leve e gostosa de ler.

Dante, protagonista da obra, um bancário casado com Emma, ex-jogadora de vôlei, passa a receber e-mails de sua primeira paixão, Beatriz, que acabara de morrer num acidente de avião. As mensagens são enviadas diretamente do Purgatório, através da chamada Transcomunicação Instrumental.

A partir daí começa a se desenrolar a trama, que conta as peripécias de Dante para morrer e ir se encontrar com seu grande amor no além. Mas ele tem que tomar cuidado, pois não pode pecar muito, e acabar no inferno, ou pecar de menos, e ir parar no céu.

Mário Prata despeja humor nessa história maluca e inusitada, temperada com temas como religião, corrupção, sexo, traição, drogas e muitos mais desses pecados nossos do cotidiano. Tudo isso em um cenário bem brasileiro e atual, com referências bastante conhecidas por todos nós.

A brincadeira fica mais rica ainda se observarmos a óbvia intertextualidade com obra de Dante Alighieri, A Divina Comédia, na qual o autor italiano viaja pelo Inferno, Purgatório e Céu, em busca da amada Beatrice.

E por falar em intertextualidade, Gemma não seria como a Capitu, de Machado de Assis? Afinal, nessa bagunça toda dos acontecimentos, não dá pra saber se ela traiu ou não seu querido marido.

Uma palhinha desse tal de Purgatório, nas palavras de Beatriz: “Aqui no Purgatório estão os doidos, entre aspas. Mas ninguém quer sair daqui, não. Não temos as regalias que se tem no céu, mas convivemos com pessoas mais interessantes, mais vividas. Me entende?”

22 de julho de 2007

Os Gênios da Ciência (não-ficção)

Stephen Hawking, 2004, Inglaterra

Se vi mais longe foi porque estava sobre ombros de gigantes”, escreveu Isaac Newton em 1676. Essa frase, acrescenta Hawking, “é um comentário apropriado de sobre como a ciência, e de fato toda a civilização, é uma série de avanços incrementados, cada um construindo sobre o que existia antes”. E com esse espírito o autor escreve “Os Gênios da Ciência – Sobre os Ombros de Gigantes”, obra que visa reconhecer a contribuição de cinco dos maiores cientistas da história: Nicolau Copérnico (1473-1543), Galileu Galilei (1564-1642), Johannes Kepler (1571-1630), Isaac Newton (1642-1727) e Albert Einstein (1879-1955).

Com cinco capítulos, cada um referente a uma das personalidades citadas, o livro mescla breves informações biográficas com trabalhos originais (manuscritos, artigos e publicações) desses cientistas. É uma oportunidade de, como informa a apresentação à edição brasileira, “seguir o processo criativo de alguns dos cientistas que revolucionaram a nossa maneira de compreender o universo, o espaço e o tempo, especialmente no que concerne à força gravitacional”.

Apesar dessa descrição, a obra pode ser considerada impalatável ao leitor que não transita na linguagem acadêmica da física e matemática, tornando-se por diversas vezes incompreensível ou mesmo ilegível. Stephen Hawking, excelente autor, conhecido por importantes obras de divulgação científica, parece não ter focado o grande público ao conceber este livro. Trata-se de um texto que deve ter seu lugar garantido na estante de profissionais da área.

Em todo caso, quem quiser experimentar a leitura sempre encontrará algo para absorver, principalmente no caso de Copérnico e Galileu, cujos trabalhos não são insondáveis, pelo contrário, são bastante acessíveis e bonitos de se ler.